MUSEU DE VIDAL RAMOS
Em parceria como a Empresa Votorantim o Município de Vidal Ramos em breve vai contar com as instalações de um Museu. No município existem diversas peças antigas e históricas que necessitam de um local específico para sua conservação e visitação. Todos conhecem a coleção de peças indígenas do Senhor Libório Mertem, hoje o maior colecionador do município, há muitos anos ele vem se dedicando na coleta de objetos indígenas, resgatando a história dos índios, trazendo a tona, as memórias do município.
O senhor Libório Mertem tem o anseio de um dia poder colocar todo seu acervo em um Museu, onde todos poderão conhecer essas preciosidades. Na sessão da Câmara do dia 04 de Abril o Vereador Rodrigo encaminhou ofício ao Prefeito Nabor José Schmitz dando uma sugestão de batizar o futuro museu de “Museu Municipal Henrique Mertem,” que é um sonho do colecionador Sr. Libório Mertem.
==> Texto Publicado no Jornal Mirim:
O colecionador de artefatos indígenas
Para os historiadores Walter Fernando Piazza e Lauro Machado Hübener, o homem pré-histórico de Santa Catarina, "apresenta-se em vários estágios civilizatórios". Há os povos coletores do litoral que construíram, através da pesca e coleta de moluscos, os sambaquis, (montes de canchas) e que, pelo número desses sítios arqueológicos demonstram ter sido uma população bastante expressiva. Por outro lado, com bastante antiguidade, há, também, os povos caçadores e coletores no interior, habitando ora em sítios abertos à margem dos rios, ora em grutas. Esses são reconhecidos pelas inscrições que realizaram em paredes de pedra, ou pelo trabalho que desenvolveram - fabricando suas armas, como pontas de flecha, machados polidos, ou outros objetos. E, finalmente, aqueles grupos humanos de coletores e agricultores de subsistência, que se apresentaram fabricando cerâmica, e que também são os mais recentes, cronologicamente falando.
Estes grupos se colocam dentro dos indígenas situados no Brasil, desde a época do descobrimento. Têm-se aqui a tradição tupi-guarani, ocupando largamente o litoral e as margens dos grandes rios navegáveis, como o Uruguai e os seus afluentes principais, junto com a tradição não tupi-guarani, localizando-se em grupos menores, em áreas do interior.
A nação Tupi-Guarani: os carijós, espalhados em toda a região litorânea. Viviam de caçadas, coletas e pesca. Falavam o tupi, conhecido como língua brasílica.
Os Índios do Grupo Jê: ocupavam todas as regiões, menos a litorânea. Os Xokleng: usufruíam principalmente a região Silvana. Eram conhecidos como "botucudos", porque os homens usavam para adorno, um botoque, o tembetá: pequena peça de madeira, introduzida num furo artificial do lábio inferior.
Os Xokleng, também eram conhecidos pelas denominações de Bugre, Botocudo, Aweikoma, Xocrén e Kaigang. Bugre era "uma designação que tem conotação pejorativa, pois indica as noções de "Selvagem" e "Inimigo". Botucudo está "diretamente ligado a um enfeite labial que era utilizado pelos homens da tribo". Xokleng significa taipa (parede) de pedra. Kaigang significa "homem" ou "qualquer homem". Segundo Niebuhr, a preocupação de dar nome ao grupo "é dos civilizados e não dos índios" porque os Xokleng "não se auto classificavam, mas usavam o termo "angoika", como o significado de pessoa".
Os Kaigang eram apelidados de "coroados" por trazerem o corte do cabelo imitante a coroa. Seu grande território estendia-se da região serrana para o oeste. Eram de índole mais civilizáveis.
Como Vidal Ramos fica numa região intermediária entre o primeiro e o segundo grupo indígena, é possível deduzir que, por esta região, passaram apenas grupos coletores. Prova disso, é a coleção mantida pelo pesquisador Libório Merten, morador de Vidal Ramos. Há muitos anos ele vem se dedicando na coleta de objetos indígenas, resgatando a história dos índios, trazendo a tona, as memórias do município.
Entre os objetos recolhidos estão: pontas de flechas feitas de rochas que não existem em nossa região - porque esses grupos indígenas deslocavam-se com freqüência de uma região para outra, em busca de alimentos.
Seu Libório explica que já coleciona as peças de artefatos indígenas, aproximadamente 30 anos. Ele relata que seu interesse por estes objetos vêm da infância: "quando morávamos na localidade de Molungú, meu pai, Henrique Merten, encontrou diversas peças que foram doadas aos amigos e visitantes de Brusque. Então, um dia ele me falou: - vamos começar a colecionar estas peças, já que as mesmas têm valor para eles, devem ter valor para nós também. Desta forma, comecei a me interessar acatando a idéia".
Quando interrogado em qual parte do município encontrou o maior número de objetos indígenas, seu Libório afirma que foi nas localidades de Fartura e Molungú. O colecionador informa que os artefatos encontrados foram feitos de pedra lascada. Este processo consiste em esquentar a pedra em fogueiras, quando as rochas estão extremamente quentes, se joga água fria em cima e com o choque térmico as mesmas soltam pedaços menores, possibilitando que sejam moldadas.
O pesquisador observa que ganhou em torno de 90% de sua coleção. Algumas trocou por serviços quando ainda trabalhava de patroleiro, sendo que, poucas precisou desembolsar dinheiro em espécie, para adquiri-las.
Hoje, sua coleção tem cerca de 1.200 peças, entre pontas de flechas, pedras e fósseis. Com tantos anos de dedicação, seu Libório aproveita o momento para agradecer a todos que contribuíram na tarefa de reunir todo este acervo. Sentindo que seu esforço não foi em vão, ele sonha: "espero ver estas peças em um futuro próximo no museu do município de Vidal Ramos"
Fontes de pesquisas:
KOCH, Dorvalino Eloy, Tragédias Euro-Xokleg e Contexto, Gráfica Editora Pallotti, Brusque, 2002.
KOCH, Dorvalino Eloy, Tragédias Euro-Xokleg e Contexto, Gráfica Editora Pallotti, Brusque, 2002.
ADAMI, Luiz Saulo e ROSA, Tina, Paisagens da memória: a criação do município de Vidal Ramos, ST Editores, Itajaí 2004.
Libório Merten – Morador de Vidal Ramos.
Publicado no Jornal Mirim
Nenhum comentário:
Postar um comentário